quinta-feira, 4 de outubro de 2007

À Mesa

Cedo à sofreguidão do estômago.
É a hora de comer.
Coisa hedionda! Corro. E agora,
Antegozando a ensangüentada presa,
Rodeado pelas moscas repugnantes,
Para comer meus próprios semelhantes
Eis-me sentado à mesa!
Como porções de carne morta...
Ai! Como os que, como eu, têm carne, com este assomo
Que a espécie humana em comer carne tem!...
Como! E pois que a razão me não reprime
Possa a terra vingar-se do meu crime
Comendo-me também.
Poema de Augusto dos Anjos